Lição de vida

Recentemente, fiz uma série de reportagens sobre as Paraolimpíadas de Pequim (clique aqui, aqui, aqui e aqui) e o que mais me espantou foi a postura dos atletas. Em nenhum momento, nenhum deles se comportou como coitadinhos, que têm que superar um grande problema em suas vidas. Pelo contrário, todos só falavam como atletas que enfrentam os problemas normais de qualquer praticante de esporte de alto rendimento.

Isso me levou a pensar como às vezes tratamos certas questões de maneiras erradas. Nenhum deles quer receber parabéns por conseguir chegar em uma Paraolimpíada superando uma deficiência. Eles querem ser vistos como atletas que conquistam medalhas de ouro, prata ou bronze para o Brasil, superando os obstáculos naturais de todos os esportes.

É engraçado perceber que um um atleta paraolímpico não reclama de ter que chegar de cadeiras de rodas até à piscina, mas os jogadores de futebol se queixam se o vestiário tiver o banco húmido. Estranho, não? Quem, teoricamente, teria motivos para reclamar da sorte, se esforça para superar todos os limites e não reclama de nada da vida. Quem deveria agradecer a Deus por ter a sorte de ganhar muito dinheiro com muito menos esforço que a maioria das pessoas do planeta, reclama até de um punhado de grama fora de lugar...

Isso não vale só para jogadores de futebol, mas para atletas de vários outros esportes.

Em Pequim, irei olhar com outros olhos os atletas paraolímpicos, pelo simples fato deles darem uma lição de determinação sem chorar pelas dificuldades que a vida apresenta a todos nós.